quinta-feira, 13 de junho de 2013

VÓ CAIU NA PISCINA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE









Noite na casa da serra, a luz
apagou. Entra o garoto:
– Pai, vó caiu na piscina.
– Tudo bem, filho.
O garoto insiste:
– Escutou o que eu falei, pai?
– Escutei, e daí? Tudo bem.
– Cê não vai lá?
– Não estou com vontade de cair
na piscina.
– Mas ela tá lá...
– Eu sei, você já me contou. Agora
deixe seu pai fumar um cigarrinho
descansado.
– Tá escuro, pai.
– Assim até é melhor. Eu gosto de fumar no escuro. Daqui a pouco a luz volta. Se
não voltar, dá no mesmo. Pede à sua mãe pra acender a vela na sala. Eu fico aqui
mesmo, sossegado.
– Pai...
– Meu filho, vá dormir. É melhor você deitar logo. Amanhã cedinho a gente volta
pro Rio, e você custa a acordar. Não quero atrasar a descida por sua causa.
– Vó tá com uma vela.
– Pois então? Tudo bem. Depois ela acende.
– Já tá acesa.
– Se está acesa, não tem problema. Quando ela sair da piscina, pega a vela e
volta direitinho pra casa. Não vai errar o caminho, a distância é pequena, você sabe muito
bem que sua avó não precisa de guia.
– Por quê cê não acredita no que eu digo?
– Como não acredito? Acredito sim.
– Cê não tá acreditando.
– Você falou que a sua avó caiu na piscina, eu acreditei e disse: tudo bem. Que é
que você queria que eu dissesse?
– Não, pai, cê não acreditou ni mim.
– Ah, você está me enchendo. Vamos acabar com isso. Eu acreditei. Quantas
vezes você quer que eu diga isso? Ou você acha que estou dizendo que acreditei mas
estou mentindo? Fique sabendo que seu pai não gosta de mentir.
– Não te chamei de mentiroso.
– Não chamou, mas está duvidando de mim. Bem, não vamos discutir por causa
de uma bobagem. Sua avó caiu na piscina, e daí? É um direito dela. Não tem nada de
extraordinário cair na piscina. Eu só não caio porque estou meio resfriado.
– Ô, pai, cê é de morte!
O garoto sai, desolado. Aquele velho não compreende mesmo nada. Daí a pouco
chega a mãe:
– Eduardo, você sabe que dona Marieta caiu na piscina?
– Até você Fátima? Não chega o Nelsinho vir com essa ladainha?
– Eduardo, está escuro que nem breu, sua mãe tropeçou, escorregou e foi parar
dentro da piscina, ouviu? Está com a vela acesa na mão, pedindo para que tirem ela de
lá, Eduardo! Não pode sair sozinha, está com a roupa encharcada, pesando muito, e se
você não for depressa, ela vai tem uma coisa! Ela morre, Eduardo!
– Como? Por que aquele diabo não me disse isto? Ele falou apenas que ela tinha
caído na piscina, não explicou que ela tinha tropeçado, escorregado e caído!
Saiu correndo, nem esperou a vela, tropeçou, quase que ia parar também dentro
d’água.
– Mamãe, me desculpe! O menino não me disse nada direito. Falou que a
senhora caiu na piscina. Eu pensei que a senhora estava se banhando.
– Está bem, Eduardo – disse dona Marieta, safando-se da água pela mão do
filho, e sempre empunhando a vela que conseguira manter acesa. – Mas de outra vez
você vai prestar mais atenção no sentido dos verbos, ouviu? Nelsinho falou direito, você é
que teve um acesso de burrice, meu filho!

22 comentários:

  1. QUESTÃO 01

    Em relação ao texto, é CORRETO afirmar que:
    A - ( ) É uma crônica.
    B - ( ) É um poema.
    C - ( ) É uma notícia.
    D - ( ) É um relato histórico.

    QUESTÃO 02

    O texto começa com as seguintes informações: “Noite na casa da serra, a luz apagou”. Essas
    informações justificam que fato da história?
    A - ( ) Era tudo que o pai desejava.
    B - ( ) Um bom motivo para usar a vela.
    C - ( ) A falta de luz é a causa da avó cair na piscina.
    D - ( ) É bom descansar no escuro.

    QUESTÃO 03

    Observe no texto, a participação do narrador. Quantas vezes ele aparece?
    A - ( ) Três vezes.
    B - ( ) Duas vezes.
    C - ( ) Quatro vezes.
    D - ( ) Nenhuma vez.

    QUESTÃO 04

    Que motivo gerou a falta de entendimento por parte do pai de Nelsinho?
    A - ( ) O desinteresse do pai em querer ajudar a avó.
    B - ( ) A diferença de interpretação do verbo cair.
    C - ( ) O pai de Nelsinho não gosta de ajudar as pessoas.
    D - ( ) O pai de Nelsinho é sempre distraído quando descansa.

    QUESTÃO 05

    Nas frases abaixo, assinale aquela em que o verbo CAIR indica acidente.
    A - ( ) Nossa ! Tudo que eu estudei CAIU na prova!
    B - ( ) Vou CAIR no mar, a água deve estar muito gostosa.
    C - ( ) A menina CAIU de cama. Está com um febrão enorme.
    D - ( ) Chiiiii !!! A diretora CAIU da cadeira.

    QUESTÃO 06

    “O garoto insiste: – Escutou o que eu falei, pai?“
    Passando para o discurso indireto, teremos:
    A - ( ) – Escute o que eu falo! - insistiu o garoto.
    B - ( ) O garoto insistiu: - Escutou, pai?
    C - ( ) – Escutou o que eu falei, pai? - o garoto insistiu.
    D - ( ) O garoto insistiu para que o pai o escutasse.

    QUESTÃO 07

    1.“ – Não, pai, cê não acreditou ni mim.”
    2.“ – Tá escuro, pai.”
    3.“ – Cê não tá acreditando.”
    As palavras destacadas acima pertencem à linguagem formal ou informal?
    A - ( ) Todas pertencem à linguagem informal.
    B - ( ) Somente os itens 1 e 2 contêm linguagem informal.
    C - ( ) Apenas as palavras cê e ni são informais.
    D - ( ) Todas pertencem à linguagem formal.

    ResponderExcluir
  2. Oi 🙋 estou fazendo o resumo do livro vô caiu na piscina

    ResponderExcluir
  3. Preciso de perguntas com respostas desse livro!!! Me ajudem

    ResponderExcluir
  4. Cadê as resposta não gostei odiei

    ResponderExcluir
  5. Qual a tipologia e gênero do livro vo
    caiu na piscina

    ResponderExcluir
  6. Muito legal a Historia fiz atividade dela hoje to no 5 ano

    ResponderExcluir
  7. Não tô nem aí para ninguém,pois não encontrei a resposta que precisava,não conseguir fazer a minha atividade😡😡porqueeeeeeeeeeeeeeeee!!!!
    Bay bay💩💩✋✋

    ResponderExcluir
  8. Não tem o gabarito correto para conferir.

    ResponderExcluir